Biólogos encontraram um hormônio hepático que acelera o crescimento de
células secretoras de insulina no pâncreas, uma descoberta que, esperam, levará
a novos tratamentos para o diabetes.
Uma equipe liderada por Douglas Melton, codiretor do Instituto de
Células-Tronco de Harvard em Cambridge, Massachusetts, identificou o hormônio,
betatrofina, ao induzir resistência a insulina em ratos usando um peptídeo que
se liga a receptores de insulina.
Isso fez com que as células β pancreáticas dos animais, secretoras de
insulina, se proliferassem. Em seguida os pesquisadores procuraram genes que
apresentaram atividade aumentada, visando encontrar o responsável pela produção
de betatrofina.
Outros experimentos mostraram que a injeção e betatrofina em ratos de
oito semanas provoca o aumento médio de 17 vezes na replicação de células β
pacreáticas, relataram os pesquisadores na Cell. A betatrofina também é
encontrada no fígado humano, explica a equipe.
“É raro descobrir um novo hormônio, e esse é interessante por ser
muito específico”, declara Melton. “Ele só funciona em células β, e é muito
potente”.
Células β pancreáticas se replicam rapidamente durante estágios
embrionários e neonatais tanto em ratos quanto em humanos, mas seu crescimento
é dramaticamente reduzido em adultos.
A redução da atividade das células ao longo da vida é a principal
causa do diabetes tipo 2, um transtorno metabólico que afeta mais de 300 milhões
de pessoas no mundo todo.
Apenas nos Estados Unidos, as duas formas de diabetes – tipo 2 e tipo
1, a segunda provocada por um ataque autoimune a células β pancreáticas – são
responsáveis por US$176 bilhões em gastos médicos diretos todos os anos.
Esperança de tratamento
Melton acredita que injeções de betatrofina uma vez por mês, ou talvez
até uma vez por ano, poderiam induzir atividade suficiente em células β
pancreáticas para fornecer o mesmo nível de regulação de açúcar no sangue para
pessoas com diabetes do tipo 2 que injeções diárias de insulina.
O mais importante, adiciona ele, é que elas provocariam menos
complicações porque o corpo estaria produzindo sua própria insulina. Ele também
espera que a betatrofina seja capaz de ajudar pessoas com diabetes do tipo 1.
Para Matthias Hebrok, diretor do Centro de Diabetes da University of
California, San Francisco, o trabalho “é um grande avanço”. “As descobertas são
muito interessantes” Acrescenta que gostaria de ver os experimentos repetidos
em ratos mais velhos. “Será que ratos em idade avançada e prestes a apresentar
diabete são capazes de fazer [com que as células β] voltem a proliferar devido
ao tratamento com betatrofina?”, pergunta ele.
A identificação de um fator como a betatrofina, que estimula a
replicação de células β em ratos com alta
eficiência é muito importante. Com esta informação, é possível programar
estudos para elucidar os mecanismos responsável pela replicação com células β,
na opinião de Henrik Semb, diretor administrativo do Centro Dinamarquês de
Células-Tronco, em Copenhague.
A replicação de células β se provou difícil de controlar em humanos.
De acordo com Melton, que também está trabalhando para identificar o
receptor dos hormônios e seu mecanismo de ação, produzir betatrofina suficiente
para testes clínicos em humanos ainda deve cerca de dois anos.
Fonte: Scientific American.
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