Imagens mostram como o córtex frontal (região em vermelho) de pessoas
com depressão (à esquerda) é mais fortemente conectado ao resto do cérebro
quando comparado com pessoas saudáveis (à direita).
É fato conhecido que pessoas com depressão costumam ter problemas de
concentração, ansiedade e memória. Agora, como indicou uma matéria publicada na
Scientific American, estudos têm ligado esses problemas ao excesso de sinais
trocados entre as áreas relacionadas à concentração, humor e pensamento
consciente. Em outras palavras, o cérebro de quem tem depressão é mais
“conectado” do que o de pessoas saudáveis.
Em um desses estudos, pesquisadores da Universidade da Califórnia em
Los Angeles usaram imagens de ressonância magnética funcional e
eletroencefalografia para medir a atividade cerebral de pacientes deprimidos em
repouso. Eles descobriram que, nessas pessoas, rolava uma enxurrada de
mensagens neurais entre as áreas corticais límbicas (responsáveis por produzir
e processar as emoções). Pessoas saudáveis também apresentam essa conexão, mas
não de forma tão ativa (veja a imagem acima). Para os autores do estudo, esses
sinais podem amplificar os pensamentos negativos dos deprimidos e agir como um
ruído que os impede de prestar atenção às mensagens neurais positivas – aquelas
que lhes dizem para seguir em frente.
Outro trabalho, feito pelo psiquiatra Shuqiao Yao da Central South
University, na China, e publicado em abril na Biological Psychiatry, também
revelou que pessoas propensas a ficarem repetindo continuamente pensamentos
negativos apresentam conexões mais fortes entre certos circuitos
córtico-límbicos. Por outro lado, menor conectividade em outros desses
circuitos corresponde à perda de memória autobiográfica, que é outra coisa
comum na depressão.
Por fim, um estudo publicado também este ano na revista Proceedings,
da Academia Nacional de Ciências dos EUA, trouxe outro achado importante nesse
sentido: a terapia eletroconvulsiva, (antes conhecida como terapia de choque)
realmente alivia os sintomas da depressão e diminui as conexões na região
cerebral onde os sistemas cortical e límbico se cruzam. Mais uma prova dessa
relação.
Ainda não se sabe com certeza se a hiperconectividade entre essas
áreas cerebrais é causa ou efeito da depressão. Mas tudo indica que esse pode
ser um bom alvo para o desenvolvimento de novas drogas e tratamentos.
Fonte: Scientific American, Superinteressante.
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