Maturidade é mais influenciada pela cultura que pelo tempo de vida. Ao
contrário do que o senso comum acredita, “virtudes” como prudência e respeito
ao bem-estar alheio estão mais relacionadas à cultura que ao tempo de vida. É o
que revela um estudo da Universidade de Waterloo, no Canadá, que avaliou
aspectos relacionados à sabedoria em japoneses e americanos entre 25 e 75 anos
provenientes de várias classes sociais.
Mas que critérios os autores consideraram para determinar o “grau de
sabedoria” dos voluntários? Conforme o psicólogo Igor Grossman, coordenador da
pesquisa, esclareceu em artigo publicado em Psychological Science, ele e sua
equipe criaram um questionário que media a capacidade de lidar com conflitos e
de vê-los por vários aspectos – algo que, segundo a literatura científica, está
intimamente relacionado ao que chamamos de sabedoria.
Os voluntários dos dois países leram notícias de jornais sobre
conflitos armados entre grupos que pensam de modo diferente e também histórias
fictícias de brigas entre marido e mulher, amigos ou colegas de trabalho. Em
seguida, responderam a perguntas como “O que você acha que vai acontecer com
eles?” e “Por que você acha que este será o desfecho?”. Ao analisarem as respostas, os pesquisadores
se concentraram nos seguintes quesitos, nesta ordem de importância: levar em
conta as perspectivas de cada lado; reconhecer que uma ou ambas as partes podem
rever formas de pensar e agir; considerar mais de uma solução para a questão;
ponderar que não necessariamente há um lado certo e outro errado; atentar para
um possível compromisso assumido antes do desentendimento e predizer uma
resolução para o problema.
Como esperavam, os psicólogos verificaram que tanto idosos americanos
como japoneses tiveram desempenho semelhante.
Mas a diferença foi evidente entre os mais jovens e de meia-idade das
duas culturas – japoneses revelaram, em média, mais intimidade com os quesitos
relacionados pela equipe de Grossman à sabedoria, principalmente quando
analisaram conflitos entre duas pessoas apenas.
“A explicação para isso são os valores culturais. Japoneses, por
exemplo, tendem a priorizar a coesão social, mesmo que isso implique abdicar de
‘ganhar’ uma discussão”, diz Grossman, que afirma que a máxima “a sabedoria vem
com os invernos”, eternizada por Oscar Wilde, não passa de estereótipo muito
aceito tanto nas sociedades ocidentais como nas orientais. A valorização de comportamentos
relacionados à sabedoria, porém, pode estimulá-los – independentemente da
idade.
Fonte: Scientific American.
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