Para algumas pessoas, eventos sociais, como festas
e noites de conversa no boteco, são sinônimo de tortura, especialmente porque
envolvem o risco de ficar “sem assunto” e ter que enfrentar terríveis e
constrangedores silêncios.
O avesso por conversas (ou a simples falta de
habilidade) pode, inclusive, prejudicar sua vida profissional, especialmente se
você passar uma imagem ruim para um futuro chefe ou possível parceiro de
negócios. Existe um remédio para isso? Um, não: vários.
“Como alguém quase sem experiência de negócios –
além de conduzir meu trabalho individual de freelancer – tudo o que me salvou
(até agora) da loucura são as habilidades que eu usava como jornalista”, conta
Evan Ratliff, que já foi colaborador de revistas como The New Yorker e hoje tem
sua própria empresa (The Atavist). Entre essas habilidades está “a capacidade
de formular perguntas que trazem respostas úteis, seja de conselheiros,
clientes ou qualquer outra pessoa”.
Em uma conversa, ou você está contando algo, ou
está ouvindo e, seja qual for o caso, uma boa pergunta pode ajudar o diálogo a
continuar por horas – enquanto uma pergunta ruim pode causar uma situação
constrangedora.
Os segredos
das boas perguntas
Muitas pessoas têm medo de ser diretas ou mostrar
que não entenderam ou que não sabem algo, o que as impede de fazer perguntas
boas, que demonstrem interesse no que o outro tem a dizer e tornem a conversa
agradável.
Para começo de conversa, é bom evitar perguntas de
“múltipla escolha” (do tipo “o que você faria na minha situação: A, B ou C?”),
que acabam confundindo o outro ou fazendo com que deixe de dizer o que
realmente pensa (caso ele tenha imaginado uma alternativa diferente daquelas
que você propôs).
“As perguntas realmente ruins são as direcionadoras
– questões em que você está procurando por uma resposta em particular. Evite-as
a todo custo”, aconselha o jornalista Clive Thompson, colaborador da revista
Wired e do jornal The New York Times. Se você não quer saber o que o outro
realmente tem a dizer, por que perguntar?
Quatro
segundos são suficientes para criar um silêncio constrangedor
Uma técnica que muitos jornalistas usam é a de
interromper (de modo educado) o interlocutor para que ele não fuja demais do
tema – em uma conversa casual, talvez não haja problema em mudar completamente
de assunto, mas isso pode fazer com que você deixe de ouvir algo interessante
que a pessoa teria dito se não tivesse perdido o fio da meada.
O medo de parecer ignorante pode levar você a fingir
que entendeu o que a pessoa disse e se perder ainda mais a cada nova frase, o
que nos remete ao próximo conselho: não tenha receio de fazer mais perguntas
para esclarecer o que a pessoa acabou de falar – afinal, existem assuntos que,
mesmo quando prestamos atenção, são difíceis de absorver. No caso de um
repórter, uma resposta mal interpretada ou entendida pela metade pode causar
sérios problemas na hora de escrever a matéria (e, quando a fonte ler o texto
publicado, pode ser muito tarde para dizer “não foi isso o que eu disse”).
Muitas vezes, repetir o que a pessoa disse (ou o
que você acha que ela disse) pode esclarecer as coisas antes que você passe a
conversa inteira pensando “eu não acredito que ele disse isso”, quando na
verdade a pessoa quis dizer algo totalmente diferente.
“Normalmente, não há razão para fingir que você
sabe de algo”, destaca Ratliff. “Como repórter, seu objetivo é conseguir
informações, não impressionar os outros. Você pode imaginar que seria diferente
nos negócios, mas não é”. O mesmo vale para conversas informais, em que você,
pelo menos em alguma medida, quer saber mais sobre a outra pessoa. Aliás, se
você fizer uma pergunta ruim, não se martirize: aprenda com o erro.
O princípio
de ouro
As técnicas das boas perguntas estão ligadas a um
princípio fundamental das interações sociais agradáveis: o interesse (legítimo)
pela outra pessoa e por aquilo que ela tem a dizer.
Não é preciso ser uma pessoa egocêntrica para ficar
feliz quando alguém quer te ouvir ou tem interesse em saber mais sobre o que é
importante para você (seus amigos, sua família, seu trabalho, suas viagens).
Além disso, uma boa conversa equilibra o que os dois (ou mais) lados têm a
contar – passar horas falando sobre si pode ser desconfortável tanto para quem
ouve quanto para quem fala.
Por fim, é sempre bom ter histórias para contar,
sejam suas, de um amigo ou de alguém que você viu na TV. Felizmente, boas
histórias ficam na memória e, se você se lembra de algumas, é quase certo que
outras pessoas vão se interessar por elas também – é claro que um pouco de bom
senso e habilidade de analisar o contexto das conversas garante que as
histórias não sejam motivo de constrangimento.
Fonte: Hypescience.
Nenhum comentário:
Postar um comentário