Composto recriado em laboratório foi capaz de se multiplicar e
infectar células vizinhas. O Alzheimer é o tipo de demência mais comum em
idosos. Somente no Brasil, estima-se que há 1,2 milhão de pessoas com a doença
neurodegenerativa, que causa a deterioração da memória e da capacidade
cognitiva. Ainda não há cura e não se sabe exatamente sua origem. Estudos
recentes, no entanto, conseguiram distinguir alguns eventos neurológicos
relacionados à patologia, como a presença de placas de proteína beta-amiloide
no cérebro. Agora, duas novas pesquisas, da Universidade Linköping, na Suécia,
e da Universidade da Califórnia, sugerem que a doença pode ser causada por
alterações dessa proteína. Segundo essa hipótese, as moléculas modificadas
“contaminam” células neurais saudáveis progressivamente.
“A estrutura de uma proteína – a maneira como as suascadeias de
aminoácidos se desdobram – determina sua função. Se uma proteína se desdobra de
forma alterada, isso muda sua função”, explica o biofísico Jan Stöhr, da
Universidade da Califórnia. Ele e sua equipe injetaram proteínas beta-amiloide
sintéticas no cérebro de ratos e constataram que as placas características do
Alzheimer começaram a se formar em menos de seis meses. “Mesmo quando a
proteína alterada foi injetada em apenas um lado do cérebro, as placas surgiram
no órgão todo. As beta-amiloides deformadas parecem se propagar e se agregar”,
explica o biofísico, que publicou sua pesquisa no Proceedings of the National
Academy of Sciences USA.
No estudo sueco, Martim Hallbeck, da Universidade Linköping, rastreou
a transmissão de beta-amiloide neurônio a neurônio pela primeira vez. Os
resultados, divulgados no Journal of Neuroscience, também mostram que células
neurais que contêm moléculas alteradas podem infectar os neurônios vizinhos,
bem como toda a cultura de células. O próximo passo é identificar outras
proteínas e mecanismos celulares envolvidos no processo inflamatório.
“Futuramente poderemos criar medicamentos que tenham essas estruturas como
alvo. Elas são esperança para terapias mais eficientes contra o Alzheimer”,
observa Stöhr.
Fonte: Scientific American.
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