A revolução durou pouco – pouco mais de um ano. Foi esse o período em
que os cientistas acreditaram que pessoas em estado vegetativo podiam ouvir e
interpretar comandos externos de voz. Parece que os resultados do tal estudo
revolucionário, publicado no final de 2011, foram obra do acaso.
A pesquisa, cujo título é Bedside Detection of Awareness in the
Vegetative State: a Cohort Study, algo como “Detecção de Consciência no Estado
Vegetativo: Um Estudo de Coorte” (coorte significa que as pessoas passaram pelo
mesma situação no mesmo período), foi financiada por entidades bastante
tradicionais e foi publicada na The Lancet, uma das publicações médicas mais
importantes e antigas do mundo. Agora, a mesma publicação acaba de publicar uma
espécie de revisão desse estudo.
De acordo com essa re-análise tudo não passou de uma coincidência. No
experimento original, os pesquisadores pediam para 16 pacientes em estado
vegetativo para que eles mexessem as mãos ou os dedos dos pés. A atividade
cerebral de todos estava sendo monitorada e, em três casos, o comportamento foi
análogo ao de pessoas que de fato entendiam o que lhes era pedido.
Esse achado significa que ali havia compreensão de linguagem e memória
de curto prazo – por isso a reviravolta na época. De acordo com a “réplica”,
houve uma série de enganos em relação ao método e à própria análise dos dados.
A duração das atividades em relação à duração do período de descanso, por
exemplo, foi contestada. Apesar de listar uma outra serie de incongruências
técnicas bastante específicas, os pesquisadores fazem questão de dizer que os
erros do estudo de 2011 não aconteceram por má fé.
Fonte: New York Times.
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