É normal ouvir (e dizer) que pé na bunda dói. Normalmente, encaramos
essa dor no sentido figurado. Mas estudos recentes têm mostrado que a conexão
entre a dor física e emocional é maior do que os cientistas imaginavam.
Uma pesquisa da Universidade de Michigan encontrou evidências de que o
sofrimento emocional, se for intenso o bastante, pode ativar as mesmas áreas do
cérebro relacionadas à dor física. Os pesquisadores descobriram que pensar em
uma pessoa que terminou um namoro com você recentemente pode provocar um tipo
de dor muito semelhante (pelo menos em relação à atividade cerebral) à que você
sente quando derrubam café quente em seu braço.
Para o estudo, foram recrutados 40 voluntários que haviam passado por
um fim inesperado (e não desejado) de um relacionamento amoroso nos últimos
seis meses e que disseram se sentir rejeitados por causa disso. A atividade
cerebral dos participantes foi monitorada enquanto eles realizavam algumas
tarefas.
Em uma delas, tiveram de olhar para fotos de seus ex-namorados e
meditar sobre uma experiência de rejeição específica envolvendo essa pessoa.
(Experiência meio sádica, né?). Depois foi monitorada a sua reação à dor
física: eles sofreram uma estimulação térmica intensa no braço. As respostas
cerebrais foram bem semelhantes.
Foi a primeira vez que essa relação ficou clara. Outros pesquisadores
já haviam tentado provar que um coração partido dói, mas ainda não haviam
conseguido. Essa equipe descobriu que, quando a dor emocional é forte o
bastante, isso pode acontecer, sim. Para o coordenador da pesquisa Ethan Kross
e seus colegas, a rejeição simulada em experimentos anteriores não tinha sido
forte o suficiente para provocar uma dor emocional verdadeira nos voluntários –
por isso é que os estudos tiveram resultados diferentes. O que eles ainda não
sabem é se a dor física provocada pela rejeição atinge uma parte específica do
corpo ou é difusa.
Amor também pode ajudar a suportar a dor
E o contrário, funciona? Pensar na pessoa que você ama – e que ainda
não lhe deu um pé no traseiro – pode reduzir a dor física? Um estudo de 2009 da
Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) mostrou que sim. Foram feitos
testes em que 25 mulheres com um namoro estável e feliz há mais de seis meses
receberam estímulos de calor moderadamente dolorosos em seus antebraços
enquanto passavam por uma série de condições diferentes. Em uma das situações,
cada mulher segurou a mão de seu namorado, a mão de um estranho do sexo
masculino e uma bolinha para apertar. Os pesquisadores descobriram que, quando
as mulheres seguravam a mão de seus namorados, sentiam menos dor física do que
as outras voluntárias.
Repetiram a experiência com fotos: as voluntárias recebiam os
estímulos no braço enquanto olhavam fotografias de seu namorado, de um estranho
e de uma cadeira. O resultado mostrou que a mera lembrança do parceiro trazida
pela fotografia foi capaz de reduzir a dor.
Fonte: Superinteressante.
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