Ainda que as sensações provocadas por esse trio da tensão sejam muito parecidas, os circuitos nervosos nos 3 casos não são os mesmos. O que todas têm em comum é a capacidade de ativar nosso sistema de defesa.
Otimistas encaram melhor os desafios
Ao longo do século 20, a ciência sofisticou o conceito e descobriu que os benefícios variam com a personalidade de cada um. Os mais otimistas, por exemplo, tendem a encarar a ansiedade como um desafio e melhoram sua performance. Com os pessimistas, ocorre o contrário: pioram seu desempenho sob algum nível de estresse, mostrando que o padrão do U invertido não vale para todos.
“Algumas pessoas necessitam de um nível alto de excitação para alcançar uma performance satisfatória, enquanto outras atingem seus objetivos com o mínimo. Quem opta por atividades de alto risco, como dirigir carros de corrida ou pilotar aviões de caça, busca um nível de excitação muito mais alto do que o normal e funcionam melhor nesse patamar”, diz Emeran A. Mayer, diretor do Centro de Neurobiologia do Estresse da Universidade da Califórnia, nos EUA.
Em 2010, um estudo do laboratório de Genética Comportamental da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, comprovou a teoria do U e reforçou a noção de que a personalidade tem papel importante na definição de quem se beneficia de doses moderadas de tensão. Cientistas colocaram ratos em um labirinto aquático. Caso encontrassem uma vez a saída, os roedores teriam de ser capazes de identificá-la novamente e, dependendo do tempo na busca, ficavam perturbados. Os animais nadaram em 3 temperaturas: 16 °C, 19 °C e 25 °C. Quanto maior o frio, maior o desconforto dos animais, que passam a explorar o tanque em estado de ansiedade ou estresse. Depois do desafio, era medido o nível de corticosterona (o hormônio do estresse nos animais, equivalente ao cortisol nos humanos). O resultado confirmou a expectativa: os roedores com a melhor performance foram os da piscina com a temperatura intermediária, o que comprovava a constatação da dupla face da ansiedade. Se o estado de tensão apenas prejudicasse, os ratos teriam se saído melhor na mais confortável. O estudo revelou que havia uma sensível diferença na forma como as funções cognitivas eram afetadas pelo hormônio. Os ratos que ficaram procurando a saída enlouquecidamente iam bem até o momento que o excesso de tensão fazia o desempenho decair, e o padrão era recorrente a cada nova sessão. Nos outros, o desempenho apresentava formas diferentes que fugiam do U invertido. Ou seja, o padrão da excitação ideal existe, mas o gráfico podia ter o formato de um V invertido, com queda rápida de desempenho, ou de uma pequena colina, indicando que o nível ideal pode ser mais baixo dependendo da cobaia.
Corpo em alerta
O circuito da ansiedade normal e da patológica é o mesmo. O que o diferencia da simples tensão da doença é a frequência e a intensidade, que é o que determina a descarga dos hormônios do estresse.
Teste seu nível de ansiedade
Fonte: Galileu.
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