segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Não perca as pequenas alegrias enquanto aguarda a grande felicidade

Certa vez Pearl S. Buck disse: “Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade”. Lembro-me de ter lido esta frase num livro chamado “A sabedoria dos tempos” que eu havia ganhado do meu pai. Eu estava particularmente chateada naquela época, e me lembro bem do forte efeito que aquela frase me causou. Senti-me boba e pequena. Pensei em todas as vezes em que eu havia deixado de ter apreciado melhor meus momentos felizes porque estava distraída pensando no futuro ou no que eu realmente gostaria que estivesse acontecendo. No final das contas eu não aproveitava nem meu momento atual e nem meu planejado momento futuro, porque sempre havia uma vontade mais intensa de um futuro cada vez melhor. Naquela mesma época meu pai me disse uma coisa que eu nunca mais me esqueci, ele disse: “Sabe o que você perde com um minuto de tristeza? Sessenta segundos de felicidade!”. Bom, eu levei um certo tempo para entender como era verdadeira a frase do meu pai e como ela realmente é aplicável (por mais difícil que pareça). Então você pensa em tudo o que você quer para sua vida, seus sonhos mais intensos, e se esquece de aproveitar aqueles momentos quase inocentes em sua simplicidade. Pois ali, ali mesmo estava a felicidade escondida, naqueles exatos momentos de cheios de simplicidade. Então fecho meus olhos e me recordo das viagens que não aproveitei, porque uma ou outra coisa não estavam exatamente do jeito que eu queria que estivessem. Penso em todas as datas especiais que me senti frustrada porque secretamente eu esperava mais, e não notava as coisas maravilhosas que já estavam acontecendo. Lembro-me de pensar: Se fosse eu teria feito diferente. E a pergunta que fica é: E daí? E daí se fosse diferente? Poderia ser melhor ou pior, ou poderia não ser nada, mas o importante é que alguma coisa estava sendo feita e deveria ser aproveitada. Ás vezes nos apegamos tanto na conquista de metas, em conseguir aquilo que ansiamos há muito tempo, que todas as outras coisas passam despercebidas, sabe o que são essas coisas? São partes de uma vida que não foi vivida. Em 2010 eu alcancei quase todos os meus sonhos e não me senti feliz com minhas conquistas. Tudo porque eu havia me tornado uma pessoa que segue metas, fria, exigente e que não estava verdadeiramente vivendo, eu estava sempre buscando algo. Pois bem, minha busca havia terminado, era só uma questão de tempo até tudo estar concluído. E foi nesse momento em que percebi que não era nada disso o que eu queria para mim. Quantas vezes eu deixei de aproveitar aqueles momentos mágicos por sua própria natureza, porque estava preocupada em entregar o laudo financeiro num tempo recorde, em estudar para a prova de cálculo integral, em ser atenciosa com a minha família e por ai vai. Bom as provas chegaram e eu fui bem, o relatório foi entregue num prazo recorde com direito a elogios e minha família sempre me tinha por perto, mas eu não me sentia feliz, alguma coisa me faltava. Revirando meus livros antigos, encontrei a frase novamente e entendi, entendi que me faltava apreciar cada segundo da minha vida, afinal cada minuto era mágico e perfeito por si só. A consequência dessa descoberta pessoal foi uma mudança drástica em minha vida, passei a ser uma pessoa infinitamente mais leve, não deixei de ter sonhos, mas aprendi que no caminho da conquista dos sonhos existem várias pequenas alegrias. Deixei de lado as estranhas regras que o mundo nos impõe todos os dias, o fato de que por diversas vezes escolhemos nos calar quando queremos e precisamos falar. Mas, contudo o mundo tem acontecimentos mágicos acontecendo a cada instante, pena que estejamos tão céticos para notá-los e frios demais para nos alegrarmos. O milagre da vida já não basta para o ser humano há muito tempo. Pessoas buscam por essa tal felicidade todos os segundos, até chegar ao ponto em que exaustas desistem e vivem por viver, isso é muito errado e o mais notável é que este fato tem se tornado muito comum nos dias de hoje. Ninguém é obrigado a ser feliz vinte e quatro horas por dia, até porque isso não faz parte da realidade. A felicidade consiste em ser simplesmente ser feliz e quando não estiver feliz, estar em paz. Consiste em ver a beleza do mundo e não ser indiferente a ela. A felicidade não pode ser definida, cada pessoa se alegra com coisas diferentes, afinal a alegria de um pode ser a tristeza do outro.

Texto por Sarah de Andrade

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