Funcionamento do aparato cerebral é diferente mesmo entre pessoas com
capacidade intelectual comparável. Nem todos os cérebros trabalham da mesma
maneira. Estudos com imagens vêm desvendando indicações de como a estrutura e
as funções cerebrais dão origem a diferenças individuais na inteligência. Até o
momento, os resultados confirmam uma visão que muitos especialistas têm há
décadas: pessoas com quociente intelectual (QIs) igual podem resolver um
problema com a mesma velocidade e exatidão, usando ciferentes combinações de
áreas cerebrais.
Indivíduos com características variáveis, como gênero e idade, revelam
diferenças nas avaliações com neuroimagens – mesmo apresentando nível similar de inteligência.
Estudos recentes têm aberto possibilidades para novas definições de capacidade
intelectual com base no tamanho de certas regiões cerebrais e na eficiência do
fluxo de informações entre elas, indicando quais características individuais
referentes à estrutura e às funções cerebrais relacionadas à inteligência são
essenciais para aprendermos mais sobre a inteligência e ajudar as pessoas a
aprimorar seu potencial.
Durante um século, as pesquisas sobre o tema fundamentaram-se em
testes feitos com lápis e papel para mensurar, por exemplo, o QI. Psicólogos
usaram métodos estatísticos para caracterizar os componentes da inteligência e
a forma como eles se alteram ao longo da vida. Especialistas determinaram que
praticamente todos os testes de aptidão
intelectual, independentemente de seu conteúdo, estão relacionados, e as
pessoas que marcam mais pontos em um deles tendem a repetir o resultado em
outros. Esse fato sugere que todos os testes compartilham um ponto em comum,
que foi chamado de g, um fator geral para a inteligência. O fator g é um
poderoso indicador de sucesso e tem sido objeto de vários estudos.
Além desse fator, os psicólogos estabeleceram outros componentes
primários da inteligência, incluindo os fatores espaciais, numéricos, verbais e
as aptidões de raciocínio. Os mecanismos do cérebro e as estruturas
fundamentais do g e de outros fatores, porém, não puderam ser inferidos por
meio de resultados de testes de pessoas com dano cerebral e, portanto,
permaneceram ocultos.
Nos últimos 20 anos, o uso da tecnologia aplicada às pesquisas
neurocientíficas ofereceu métodos como a neuroimagem, que permitem nova
abordagem da definição de inteligência, baseada nas propriedades físicas do
cérebro. Há dois anos, o psicólogo Roberto Colom, da Universidade Autônoma de
Madri, e seus colaboradores divulgaram um relatório sobre a relação entre
volume de massa cinzenta e os vários fatores de inteligência em 100 jovens
adultos. Cada voluntário completou uma bateria de nove testes cognitivos,
usados para indicar diferentes fatores de inteligência, como o g, a
inteligência fluida, a cristalizada e o fator espacial. Ao final, foi
constatado que o volume de massa cinzenta em certas áreas do cérebro estava
relacionado a outros aspectos da inteligência específica.
Uma das ideias mais surpreendentes que resultaram dessa pesquisa
recente foi a possibilidade de a massa cinzenta ser combinada com o padrão da
massa branca de seu g e de outros fatores de inteligência específica. Em outras
palavras, o tecido de certas áreas pode revelar um padrão pessoal singular de
vantagens e desvantagens cognitivas entre várias habilidades mentais. Esses
perfis diferentes de cérebro explicariam por que duas pessoas com resultados
idênticos de QI podem apresentar aptidões cognitivas diversas. As informações obtidas
por Colom e sua equipe ilustram essa ideia. Os voluntários do grupo com
resultados de g mais altos mostraram muito mais massa cinzenta que a média do
grupo em várias áreas de P-FIT, o que talvez não seja surpresa. Porém, é
interessante notar que duas pessoas com resultados idênticos – 100 de g é a
média do grupo testado no estudo – exibiram perfis cognitivos diversos,
sugerindo diferentes pontos fortes e fracos.
Fonte: Scientific American.
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