segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Gravidez psicológica: o que é isso?


Gravidez psicológica ou pseudociese é um fenômeno raro, aproximadamente de 1 ocorrência para cada 20 mil gestações. Nessa situação, a mulher acredita que está efetivamente grávida. O fenômeno sofre influências físicas, psíquicas e sociais às quais as mulheres estão sujeitas, sendo observada maior influência dos aspectos psicológicos. Pensa-se, assim, que o surgimento de sintomas físicos é desencadeado por uma ação psicossomática da paciente, ou seja, os sintomas da gravidez surgem como consequências decorrentes de um mecanismo no qual o corpo pode apresentar alterações físicas de uma gravidez normal, como reação psicológica a uma série de conflitos inconscientes. Tais conflitos podem estar ligados à restituição de uma perda material ou como reação aos conflitos sobre o papel social da mulher e ainda referentes à sua feminilidade. Em casos menos graves a pseudociese aparece como um distúrbio físico isolado, e nos mais graves, devido a antecedentes psiquiátricos, como um delírio decorrente do funcionamento da personalidade psicótica ou borderline, um grave transtorno de personalidade sintomas psiquiátricos como humor instável e reativo, problemas com a identidade e impulsividade sobretudo autodestrutiva (tendências suicidas). Na maior parte dos casos de pseudociese estão associados intensos desejos ou temores de engravidar.
Existem mulheres mais ou menos sujeitas à gravidez psicológica?
A espécie de relação que a mulher tem com a sua família e com o seu parceiro conjugal, um diagnóstico de infertilidade, a construção social sobre a maternidade e a gravidez influenciam diretamente na ocorrência do problema, que atinge mulheres de todas as idades, condições sociais, com ou sem histórico prévio de doenças psiquiátricas. Com referência à questão social, levando-se em consideração o papel perante a sociedade – que sempre foi e ainda é imposto à mulher – e os significados de fantasias na sociedade a respeito da gravidez e da maternidade, torna-se evidente o quanto esses elementos contribuem para o surgimento da gravidez psicológica. Uma depressão e outros quadros de transtornos do humor podem estar associados, mas, sobretudo, experiências amorosas mal sucedidas, envolvendo o abandono, a separação e a gravidez. Pesquisas apontam maior incidência em mulheres casadas e com conflitos conjugais. Há também uma relação da mulher que teve um aborto espontâneo ou provocado com o surgimento do fenômeno.
Quais os sintomas comportamentais? Existem alterações no corpo?
As mulheres afetadas realmente acreditam estarem grávidas e isso faz com que procurem ajuda de um obstetra. Os sintomas podem ser explicados por conta de algum conflito psicológico que estimula o hipotálamo e a hipófise e esses, por sua vez, geram um aumento de prolactina no sistema endócrino, o que gera sintomas de uma gravidez verdadeira como enjoos matinais, aumento da sensibilidade, distensão abdominal, lactorreia e aumento das mamas, mas não há feto, apesar de algumas mulheres chegarem a sentir uma pseudo-movimentação fetal. É comum que, depois do diagnóstico de gravidez psicológica algumas mulheres se recusem a aceitar o diagnóstico. Nestes casos, avaliações psiquiátricas ou psicológicas devem ser feitas.
Como a família deve lidar com o assunto? Como ajudar?
Fatores familiares estão intimamente relacionados aos casos de pseudociese. Muitas mulheres acometidas pelo problema estão tendo problemas no relacionamento com o parceiro ou não estão vivendo um relacionamento estável. Encaminhar o casal para um atendimento psicoterápico ajuda bastante. A respeito da relação entre o desejo (ou medo) da gravidez com as dinâmicas familiares, isso pode ser intensificado quando, nas famílias de ambos os pais não há nenhum bebê ou crianças. Além dos relacionamentos e dinâmicas familiares que a mulher estabelece, outras questões sociais também aparecem como provocadores da pseudociese, como, por exemplo, o papel sócio-econômico da mulher perante a sua família e a sociedade. Dessa forma, é necessário o apoio e acompanhamento familiar, principalmente com relação à diminuição das pressões e exigências da família, seja em torno da gravidez, seja em torno da superação da condição originada pela gravidez psicológica.
Qual o tratamento?
É fundamental um acompanhamento médico para a paciente, a fim de avaliar a necessidade de encaminhamento para psiquiatras e psicólogos. Dependendo do quadro e da evolução dos casos, o tratamento é baseado na dosagem de hormônios e medicamentos sintomáticos. O tratamento da pseudociese costuma ser mais efetivo quando é realizada uma psicoterapia de apoio, com foco para a realidade ou uma psicanálise. Mas pode ser necessária uma medicação com antipsicóticos, em casos em que seja firmado um diagnóstico de psicose.
O problema, uma vez superado, pode voltar? Se pode, como evitar?
Como o fenômeno é complexo, é difícil descartar a possibilidade de uma recaída. Para algumas mulheres, dependendo de fatores como, por exemplo, a psicose, existe maior possibilidade disso ocorrer. Para outras, depois de tratamento medicamentoso associado à psicoterapia, as chances diminuem bastante, existindo um bom prognóstico, principalmente nos casos em que existam apoio e envolvimento familiar.

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