Muitos casais que têm dificuldade em engravidar e vão a clínicas de
fertilidade sequer suspeitam que o problema pode estar na qualidade do esperma
do marido. Segundo estudo publicado recentemente por pesquisadores da França, a
infertilidade masculina é um fenômeno que merece mais atenção do que tem
recebido.
Ao analisar amostras de esperma coletadas de 26,6 mil voluntários, a
equipe percebeu que a concentração de espermatozoides vem caindo continuamente
nas últimas décadas, de 73,6 milhões/ml para 49,9 milhões/ml em média (uma
queda de 32,2% de 1989 a 2005).
“A queda da concentração de sêmen mostrada em nosso estudo significa
que a média de valores que temos em 2005 caiu abaixo do nível considerado
‘fértil’ pela Organização Mundial da Saúde”, destaca a pesquisadora Joelle Le
Moal. Houve participantes que apresentaram valores ainda mais baixos. Por outro
lado, o estudo também mostrou que a média de espermatozoides “ativos” subiu de
49,5% para 53,6%.
Os resultados, porém, não deixam de ser preocupantes, especialmente
porque condizem com os de outros estudos. Alguns pesquisadores suspeitam que
condições ambientais podem estar por trás do fenômeno – há substâncias químicas
que atrapalham a produção de hormônios e, assim, prejudicam a produção de
gametas. Se uma pessoa é exposta a essas condições ainda na infância, o impacto
pode continuar até a vida adulta. Le Moal acrescenta que, em alguns casos, o
problema pode ser passado para a geração seguinte, se provocar alterações
genéticas.
“No Reino Unido esse problema nunca foi visto como prioridade de
saúde, talvez por causa de dúvidas quanto à possibilidade de a ‘queda na
contagem de espermatozoides’ ser real ou não. Agora, só pode haver poucas
dúvidas quanto a isso, portanto é hora de agir”, aponta o professor Richard Sharpe,
da Universidade de Edinburgo (Reino Unido).
Na França, cientistas estão planejando um programa nacional de
monitoramento da qualidade do esperma de cidadãos.
Fonte: The Telegraph.
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