quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cada um de um jeito


Funcionamento do aparato cerebral é diferente mesmo entre pessoas com capacidade intelectual comparável. Nem todos os cérebros trabalham da mesma maneira. Estudos com imagens vêm desvendando indicações de como a estrutura e as funções cerebrais dão origem a diferenças individuais na inteligência. Até o momento, os resultados confirmam uma visão que muitos especialistas têm há décadas: pessoas com quociente intelectual (QIs) igual podem resolver um problema com a mesma velocidade e exatidão, usando ciferentes combinações de áreas cerebrais.
Indivíduos com características variáveis, como gênero e idade, revelam diferenças nas avaliações com neuroimagens – mesmo  apresentando nível similar de inteligência. Estudos recentes têm aberto possibilidades para novas definições de capacidade intelectual com base no tamanho de certas regiões cerebrais e na eficiência do fluxo de informações entre elas, indicando quais características individuais referentes à estrutura e às funções cerebrais relacionadas à inteligência são essenciais para aprendermos mais sobre a inteligência e ajudar as pessoas a aprimorar seu potencial.
Durante um século, as pesquisas sobre o tema fundamentaram-se em testes feitos com lápis e papel para mensurar, por exemplo, o QI. Psicólogos usaram métodos estatísticos para caracterizar os componentes da inteligência e a forma como eles se alteram ao longo da vida. Especialistas determinaram que praticamente todos os testes de aptidão  intelectual, independentemente de seu conteúdo, estão relacionados, e as pessoas que marcam mais pontos em um deles tendem a repetir o resultado em outros. Esse fato sugere que todos os testes compartilham um ponto em comum, que foi chamado de g, um fator geral para a inteligência. O fator g é um poderoso indicador de sucesso e tem sido objeto de vários estudos.
Além desse fator, os psicólogos estabeleceram outros componentes primários da inteligência, incluindo os fatores espaciais, numéricos, verbais e as aptidões de raciocínio. Os mecanismos do cérebro e as estruturas fundamentais do g e de outros fatores, porém, não puderam ser inferidos por meio de resultados de testes de pessoas com dano cerebral e, portanto, permaneceram ocultos.
Nos últimos 20 anos, o uso da tecnologia aplicada às pesquisas neurocientíficas ofereceu métodos como a neuroimagem, que permitem nova abordagem da definição de inteligência, baseada nas propriedades físicas do cérebro. Há dois anos, o psicólogo Roberto Colom, da Universidade Autônoma de Madri, e seus colaboradores divulgaram um relatório sobre a relação entre volume de massa cinzenta e os vários fatores de inteligência em 100 jovens adultos. Cada voluntário completou uma bateria de nove testes cognitivos, usados para indicar diferentes fatores de inteligência, como o g, a inteligência fluida, a cristalizada e o fator espacial. Ao final, foi constatado que o volume de massa cinzenta em certas áreas do cérebro estava relacionado a outros aspectos da inteligência específica.
Uma das ideias mais surpreendentes que resultaram dessa pesquisa recente foi a possibilidade de a massa cinzenta ser combinada com o padrão da massa branca de seu g e de outros fatores de inteligência específica. Em outras palavras, o tecido de certas áreas pode revelar um padrão pessoal singular de vantagens e desvantagens cognitivas entre várias habilidades mentais. Esses perfis diferentes de cérebro explicariam por que duas pessoas com resultados idênticos de QI podem apresentar aptidões cognitivas diversas. As informações obtidas por Colom e sua equipe ilustram essa ideia. Os voluntários do grupo com resultados de g mais altos mostraram muito mais massa cinzenta que a média do grupo em várias áreas de P-FIT, o que talvez não seja surpresa. Porém, é interessante notar que duas pessoas com resultados idênticos – 100 de g é a média do grupo testado no estudo – exibiram perfis cognitivos diversos, sugerindo diferentes pontos fortes e fracos.
Fonte:  Scientific American.

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