Um novo estudo publicado na revista Lancet Neurology afirmou que uma
forma rara da doença de Alzheimer tem sido encontrada em alguns adolescentes
mais de 20 anos antes dos sintomas se desenvolverem.
Os cientistas do The Banner Alzheimer’s Institute em Arizona (EUA), da
Universidade de Boston (EUA) e da Universidade de Antioquia (Colômbia)
descobriram que cerca de 30% dos jovens participantes do estudo tinham uma
mutação de um gene chamado presenilina 1 (PSEN1), que os torna mais propensos a
desenvolver doença de Alzheimer em uma idade muito mais nova que o comum (aos
45 anos, contra outros tipos que geralmente só aparecem entre os 65 e 90 anos
de idade).
Embora essa forma hereditária da doença seja incomum, ela oferece uma
oportunidade crítica para os pesquisadores procurarem sinais precoces do
Alzheimer antes que sintomas clínicos apareçam.
Alzheimer e a dificuldade do
tratamento
Testes de drogas para o tratamento de Alzheimer não tem sido muito bem
sucedidos até agora. Os pesquisadores acreditam que isso é devido à doença já
estar muito avançada para ser tratada quando é diagnosticada.
Uma vez que os sintomas da doença são aparentes, os danos ao sistema
nervoso podem já ser extensos demais para que tratamentos medicamentosos tenham
grande impacto.
Como resultado, se os cientistas pudessem identificar os sinais de
propensão à doença de Alzheimer antes dos sintomas aparecerem, isso poderia
levar a ensaios clínicos mais eficazes, e resultar em avanços na prevenção da
doença.
A pesquisa
No novo estudo, os pesquisadores fizeram imagens do cérebro, exames de
sangue e análise de líquido cefalorraquidiano em 44 adultos com idades entre 18
e 26 anos.
Os resultados mostraram que 20 dos participantes tinham a mutação
PSEN1, e, portanto, certa propensão a desenvolver a doença de Alzheimer. 24 não
eram portadores da mutação.
Nenhum dos participantes mostrava qualquer evidência de
comprometimento cognitivo no momento do estudo.
No entanto, os pesquisadores descobriram diferenças notáveis na
estrutura e função cerebral entre os dois grupos. Os portadores da mutação
PSEN1 experimentavam uma maior atividade nas regiões do cérebro chamadas de
hipocampo – envolvidas na memória – e no para-hipocampo, bem como tinham menos
massa cinzenta em certas áreas do cérebro.
Quedas frequentes e teste de retina podem ser indicadores de mal de
Alzheimer
Os resultados também mostraram que os pacientes com a mutação tinham
níveis mais elevados de uma proteína chamada beta-amiloide, que parecia ser
superproduzida nos seus organismos. A beta-amiloide está envolvida na
“destruição” de placas amiloides no cérebro, e é identificada como um
biomarcador chave de Alzheimer, geralmente presente em torno de 10 a 15 anos
antes da manifestação clínica da doença.
Como as pessoas com a mutação PSEN1 geralmente aparentam algum
comprometimento cognitivo aos 45, os resultados mostram que os biomarcadores
para a doença de Alzheimer são evidentes pelo menos 20 anos antes do início dos
sintomas.
Dormir demais pode ser sinal Alzheimer
“Essas descobertas sugerem que as mudanças cerebrais começam muitos
anos antes do aparecimento clínico da doença de Alzheimer, e até mesmo antes do
início da deposição de placas amiloide”, disse o Dr. Eric Reiman, do instituto
The Banner Alzheimer’s.
Teste pode diagnosticar Alzheimer em estágio inicial com precisão
O Dr. Adam Fleisher, do mesmo instituto, afirmou que o estudo vai
ajudar a definir o cenário para a avaliação de tratamentos para prevenir a
doença de Alzheimer passada hereditariamente, assim como ajudar na compreensão
dos estágios iniciais da doença de Alzheimer com início mais tardio.
Apesar de mais estudos serem necessários, a pesquisa pode ser
considerada mais uma evidência de que a doença de Alzheimer se inicia em um
período de mudanças cerebrais sem sintomas físicos. Se isso for verdade e esse
período puder ser potencialmente identificado e estudado, os cientistas podem
determinar uma intervenção precoce da condição que melhore as chances de
tratamento da doença.
Fonte: Hypescience.

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